28 de julho de 2009


Recorte das palavras da Dra Melania, exposto na "Cesárea? Não, obrigada!", publicada em março de 2005. Veja o currículo dela clicando AQUI
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Segundo ela, a lista composta abaixo comtempla fatores que

NÃO SÃO INDICADORES PARA UMA CESARIANA!

1. Circular de cordão, uma, duas ou três “voltas” (campeoníssima – essa conta com a cumplicidade dos ultra-sonografistas e o diagnóstico do número de voltas é absolutamente nebuloso)
2. Pressão alta – por favor, quem se interessar leia o tópico específico: Sobre a pressão alta
3. Pressão baixa
4. Bebê que não encaixa antes do trabalho de parto
5. Diagnóstico de desproporção céfalo-pélvica sem sequer a gestante ter entrado em trabalho de parto; Desproporção céfalo-pélvica sem trabalho de parto – já dizia Barbour que o melhor pelvímetro é a cabeça fetal. Distocia (do grego dis=difícil, tokos=parto) significa, literalmente, parto difícil. As distocias, por definição e semântica, só podem ser identificadas durante o trabalho de parto.
6. Bolsa rota (o limite de horas é variável, para vários obstetras basta NÃO estar em trabalho de parto quando a bolsa rompe); Se o trabalho de parto não se desencadeia e se opta por indução (não vou discutir o tempo porque é outra polêmica), e esta não tem sucesso ou ocorre qualquer indicação de cesárea durante o trabalho de parto, a indicação não é a bolsa rota, e sim a intercorrência obstétrica ou a falha de indução.
7. “Passou do tempo” - Diagnóstico bastante impreciso que envolve aparentemente qualquer idade gestacional a partir de 39 semanas); Continuo insistindo que andam abusando desse diagnóstico. Tenho vários relatos de caso de cesáreas marcadas em pacientes com 40 semanas por esse motivo. Mas, independente, se a indução falha após 41 ou 42 semanas (aliás, que raio de indução é essa que falha tanto?), a indicação da cesárea NÃO é gestação prolongada, e sim falha de indução.
8. “Trabalho de parto prematuro” – o prematuro em apresentação pélvica realmente irá se beneficiar com a operação cesariana (menor risco de tocotraumatismos). O parto vaginal é perfeitamente possível, e até beneficia os prematuros em apresentação cefálica, com todos os cuidados, claro, o mínimo de intervenções, não romper a bolsa etc. A incidência de desconforto respiratório é maior em bebês nascidos de cesárea.
9. Grumos no líquido amniótico
10. Hemorróidas
11. HPV - Condilomas obstruindo o canal de parto – realmente se existirem SÃO indicação de cesárea, mas são raríssimos, e quando eu cito o HPV é porque estão indicando cesárea mesmo sem condiloma.
12. Placenta grau III
13. Qualquer grau de placenta
14. Incisura nas artérias uterinas (aliás, pra quê Doppler em uma gravidez normal?)
15. Aceleração dos batimentos fetais
16. Cálculo renal
17. Dorso à direita
18. Baixa estatura materna
19. Baixo ganho ponderal materno/mãe de baixo peso
20. Obesidade materna
21. Gastroplastia prévia (parece que, em relação ao peso materno, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come)
22. “Bebês grandes demais” – macrossomia, de acordo com a literatura, só é indicação para cesárea em recém-nascidos com mais de 4.500g FILHOS DE MÃES DIABÉTICAS. Macrossômicos constitucionais não têm risco aumentado de distocia de ombro.
23. Bebê “pequeno demais”
24. Cesárea anterior – as chances de um parto vaginal variam entre 60% e 85%, de acordo com a literatura. Não é per se indicação para cesárea. Flamm descreveu uma taxa de 70% de sucesso de parto vaginal em pacientes com duas cesáreas anteriores. Os trabalhos mais recentes têm clamado por mais cautela com a "prova de trabalho de parto", mas o risco absoluto de ruptura uterina é muito baixo (Guise et al., 2005).
25. Plaquetas baixas
26. Chlamydia, mycoplasma, ureaplasma, e aproveitando a ocasião, Streptococcus b-haemolyticus do grupo B NÃO são indicação de cesárea.
27. Problemas oftalmológicos, incluindo miopia e descolamento da retina
28. Edema de membros inferiores/edema generalizado
29. “Falta de dilatação” antes do trabalho de parto
30. Gravidez super-desejada (motivo pelo qual os bebês de proveta aqui no Brasil muito raramente nascem de parto normal)
31. Gravidez não desejada
32. Idade materna “avançada” (limites bastante variáveis, pelo que tenho observado, mas em geral refere-se às mulheres com mais de 35 anos)
33. Adolescência
34. Prolapso de valva mitral
35. Cardiopatia (o melhor parto para as cardiopatas é o vaginal)
36. Diabetes - Pode ser motivo para interrupção da gravidez, realmente, mas não para a cesárea. A indicação da cesárea será obstétrica (falha da indução, contra-indicações ao parto vaginal etc.).
37. Bacia “muito estreita” - Ver a definição de “distocia” no post anterior e a discussão específica sobre fratura do cóccix neste tópico: Cóccix fraturado
38. Mioma uterino
39. Parto “prolongado” ou período expulsivo “prolongado” (também os limites são muito imprecisos, dependendo da pressa do obstetra)
40. “Pouco líquido”
41. Artéria umbilical única
42. Ameaça de chuva/temporal na cidade
43. Obstetra (famoso) não sai de casa à noite devido aos riscos da violência no Rio de Janeiro
44. Fratura de cóccix em algum momento da vida - Ver a definição de “distocia” no post anterior e a discussão específica sobre fratura do cóccix neste tópico: Fratura no cóccix
45. Conização prévia do colo uterino
46. Eletrocauterização prévia do colo uterino - Se por acaso tiver ocorrido estenose cervical que impeça a dilatação, esta só poderá ser diagnosticada durante o trabalho de parto, o simples antecedente de eletrocauterização não pode indicar a cesárea.
47. Varizes na vagina
48. Constipação (prisão de ventre)
49. Excesso de líquido amniótico
50. Anemia
51. Data provável do parto (DPP) próximo a feriados prolongados e datas festivas
52. Toxoplasmose.

Um comentário:

  1. Puxa eu adoraria poder ler e acompanhar seu blog, mas devido a cor da fonte (Amarelo) eu não consigo ler.

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